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Escolas negras do Rio de Janeiro Imperial

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Descrição

Uma breve espiada no relógio revelava que já estava quase no horário da aula. Carregando consigo alguns materiais, o aluno apressa um pouco mais o passo. “Não quero chegar atrasado”, pensa ele enquanto vai costurando caminho em meio às pessoas que tranquilamente andam pelas calçadas das ruas situadas nas imediações da escola. 

Enquanto isso, o professor vai se acomodando na sala. Na sua mente ele organiza as últimas ideias e o modo como pretende abordar o conteúdo destinado àquele dia. Nesse meio tempo os estudantes vão chegando. Um a um eles se assentam nas suas carteiras entre risos, cumprimentos e histórias do final de semana. Rapidamente o antes predominante silêncio, próprio da sala vazia, é substituído por agito. O professor aproveita o clima e estabelece uma série de interações com os estudantes. Em meio à conversa ouve-se uma batida na porta. É o último estudante que ainda faltava. Aquele mesmo que há pouco apressava o passo para tentar chegar a tempo do início da aula. “Mestre, posso entrar?”, pergunta ele respeitosamente e confiante da anuência do professor. O professor confirma com a cabeça e aponta o assento livre ao qual ele deveria se dirigir. Enquanto o aluno se acomoda o professor dá uma última olhada no relógio e percebe que já era hora de começar a lição do dia. 

A cena anteriormente narrada parece completamente comum, ordinária, nada muito diferente daquilo que poderíamos ver hoje em dia, não é mesmo? Imagine, no entanto, se essa mesma situação se passasse no século XIX e que o professor em questão fosse uma pessoa negra, enquanto todos os alunos fossem, tal como ele, igualmente negros e, em alguns casos, até mesmo filhos de escravos. Tal descrição muda totalmente a nossa percepção, colocando-nos diante de um cenário, a princípio, inimaginável.

Propriedades

AutorHigor Figueira Ferreira
Páginas15
CategoriaHistory

Íconografia

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